quinta-feira, 22 de maio de 2008

Que ninguém durma!

Sem esperar, de uma forma despretensiosa, aprendi o significado da ópera de Puccini Turandot - Nessun Dorma que há muito me intrigava, pela sua beleza.


Liguei a televisão na RTP2, no fim da manhã, e comecei a ver desenhos animados. E sob esta forma, de bonecos animados de olhos rasgados que, pontualmente, encarnavam verdadeiros sopranos e/ou tenores, compreendi finalmente a história que consigo traz a ópera que conheci pela voz de Luciano Pavarotti.


Em Beijing, Turandot, princesa de gelo por fechar o seu coração ao Amor, vê-se obrigada a casar por imposição do seu pai. A princesa aceita, com uma condição: que o pretendente responda acertadamente a três enigmas ou que seja condenado à morte.
O décimo segundo príncipe, Calaf, toca o gongo como sinal do seu interesse pela princesa, mas omite a sua identidade e a sua origem. Perante as adivinhas, Calaf encontra as respostas atempadamente. No entanto, Turandot recusa o princípe e o casamento. Mas o seu pai insiste no seu cumprimento e agora é Calaf que impõe uma condição: se até ao amanhecer a princesa descobrir o seu nome, poderá ordenar a sua execução.
Durante a noite, Turandot tenta descobrir a identidade de Calaf recorrendo a Liu, a escrava que desde pequena acompanha Calaf, ocultando a sua paixão por ele. E o imperador desconfia que o príncipe eleito seja Calaf, o filho do rei Timur. É nesta azáfama que Calaf canta:





Nessun dorma!...
Nessun dorma!...
Tu pure, o Principessa,
nella tua fredda stanza
guardi le stelle che tremano
d'amore e di speranza!
Ma il mio mistero
è chiuso in me,
il nome mio nessun saprà!
No, no, sulla tua bocca lo dirò,
quando la luce splenderà!
Ed il mio bacio scoglierà
il silenzio che ti fa mia!
Coro donne:Il nome suo nessun saprà...E noi dovrem ahimè, morir, morir!
Il Principe:Dilegua, o notte! tramontate, stelle!
Tramontate, stelle! All'alba vincerò!Vincerò! Vincerò!


Liu crava um punhal no peito, derramando o seu sangue perante Turandot e revelando o seu amor por Calaf. E, mais uma vez, permanece incógnito o nome do princípe até à sua aparição.Ele próprio o revela. Turandot dirige-se a seu pai para lhe desvendar o verdadeiro nome do príncipe com quem casará: Amor.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Da memória. À tona

Amas-me?
(Silêncio)
Porque é que não respondeste?
Porque não sei a resposta.

domingo, 18 de maio de 2008

Sob a cor Azul


Ainda que eu falasse a língua dos anjos, se não tivesse amor seria como sino ruidoso.
Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência.
Ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, nada seria.
O amor é paciente.
O amor é prestativo.
Tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais perecerá.
As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá.
Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém é o amor.

Uma mulher que se redescobre. Como seria Julie antes da morte dos seus marido e filha? Apesar de tentar renunciar a tudo o que a prende a um passado feliz (aos nossos olhos) e que não mais existe, Julie parece encontrar-se com tudo o que não pretende, mas que intimamente aceita: uma mãe que sabiamente lhe diz que não se deve renunciar a tudo, o flautista que na sua rua repete uma melodia que lhe é querida e que absorve de olhos fechados e que, pouco sobrio, lhe vocifera algo como devemos ficar com alguma coisa. Um amor que foi paciente e por ela esperou. No ábum da memória, o azul do candeeiro como janela de luz que lhe permite tocar o passado. Um fio com uma cruz a simbolizar a ligação sentimental entre duas pessoas e perpetua-se no nascimento futuro de uma criança.

Um processo inconsciente que conduz uma pessoa aos escombros de uma vida, à escuridão do seu ser, para se embrenhar numa modorra luminosa que a impele para a reconstituição emocional. Quase como uma pequena transformação alquímica. Assim é AZUL.

terça-feira, 13 de maio de 2008

terça-feira, 6 de maio de 2008

Queixume

Oh, let me weep, let me for ever weep...
My eyes no more shall welcome sleep.
I'll hide me from the sight of day,
And sigh my soul away.
He's gone, his loss deplore,
And I shall never see him more.
Henry Purcell

OH LET ME WEEP.

Para sempre.

http://www.youtube.com/watch?v=B5xsuMb-PzQ
Já assim soava nos primeiros minutos de Hable con Ella de Pedro Almodovar. Desde aí a minha paixão por Pina Bausch. Um encanto supérfluo que sempre guardei. Reificou-se num bilhete que me dava acesso a um lugar de visibilidade reduzida. Ainda hesitei. Se não fosse naquele dia, não seria nunca, pensei. Ontem. Corri para ocupar o meu lugar. Uma pequena cadeira elevada num camarote no Teatro Municipal S. Luiz. Entre os fragmentos que perdi, o que observei foi o suficiente para incorporar as palavras orquestradas por Henry Purcell e encarnar os amantes coreografados por Pina Bausch.
Tamanha tristeza em tão escassos minutos. A intensidade dos movimentos, a força das emoções que desfilaram naquele palco dissolveram o tempo. Não permitas que a força dos teus braços me abandone num chão frio, gritavam. Aqueles corpos imploravam carinho, compaixão. Amor. Revelavam, em movimentos repetidos e compasso acelerado, espasmos de dor e convulsões de desespero. Angústia.
Calcei os sapatos rosa que tiqtaqueavam o palco e cambaleei. Por entre mesas e cadeiras dispersas vagueei em agonia, cega embati contra o vidro e a parede, vezes sem conta. Não me largues dos teus braços. Apela à tua força. Não me soltes. Se eu soubesse amar-te com a delicadeza daquela folha de papel que deslizou até à calçada. Se eu soubesse abraçar-te. Que os meus braços se ancorassem ao teu corpo. Não demorou. Assim como não tardariam os passos com que te ofertaria os meus sentimentos. Em silêncio.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A LUTA CONTINUA


As amoreiras junto ao Aquário Vasco da Gama.

A buganvilia na escadaria da Alameda fazendo-se acompanhar dos jorros de água que atribuíam vivacidade à estatuária da fonte.

A murta e os fósseis que adornavam as pedras, vindas da OTA, utilizadas na construção de um caneiro no jardim que dá um toque de beleza ao espaço que envolve o hipermercado Feiranova em Chelas.

PORQUE QUEM SE AGARRA À TERRA NUNCA CAI.