domingo, 18 de maio de 2008

Sob a cor Azul


Ainda que eu falasse a língua dos anjos, se não tivesse amor seria como sino ruidoso.
Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência.
Ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, nada seria.
O amor é paciente.
O amor é prestativo.
Tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais perecerá.
As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá.
Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém é o amor.

Uma mulher que se redescobre. Como seria Julie antes da morte dos seus marido e filha? Apesar de tentar renunciar a tudo o que a prende a um passado feliz (aos nossos olhos) e que não mais existe, Julie parece encontrar-se com tudo o que não pretende, mas que intimamente aceita: uma mãe que sabiamente lhe diz que não se deve renunciar a tudo, o flautista que na sua rua repete uma melodia que lhe é querida e que absorve de olhos fechados e que, pouco sobrio, lhe vocifera algo como devemos ficar com alguma coisa. Um amor que foi paciente e por ela esperou. No ábum da memória, o azul do candeeiro como janela de luz que lhe permite tocar o passado. Um fio com uma cruz a simbolizar a ligação sentimental entre duas pessoas e perpetua-se no nascimento futuro de uma criança.

Um processo inconsciente que conduz uma pessoa aos escombros de uma vida, à escuridão do seu ser, para se embrenhar numa modorra luminosa que a impele para a reconstituição emocional. Quase como uma pequena transformação alquímica. Assim é AZUL.

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