quarta-feira, 26 de março de 2008

Para além do óbvio

PERSEPOLIS. Capital da Pérsia fundada no século VI a.C. por Dário I e, posteriormente, destruída por Alexandre, o Grande. O título é-lhe assim atribuído como forma de relembrar que estamos perante uma grande civilização que, durante séculos, perdura apesar de se ver arrasada por ondas sucessivas de invasores. Persépolis encerra em si uma visão mais complexa de um Irão que actualmente parece ser apenas encarado como monocultura de fundamentalismo, fanatismo e terrorismo.



Crítica ao fanatismo do mundo iraniano que se entrelaça com um acérrimo reparo ao preconceito ocidental.
Imagens a preto e branco não permitindo que o espectador olvide o peso que a estória acarreta apesar de narrada sob a visão de uma energética e curiosa menina; uma menina que cresce sob a influência dos ideais comunistas e revolucionários da sua família, que dialoga com Deus, o mesmo do qual um dia se afasta, que admira uma avó sábia e conselheira: «Não te esqueças de uma coisa: podem passar muitos idiotas pela tua Vida, mas tens que manter-te sempre íntegra, fiel a ti mesma, pois o azedume e a vingança são os piores companheiros para a Vida.». Que revela o que sente com onomatopeias expressivas, uma delas fazendo lembrar «o grito» de Klimt. Que possui um sentido oportuno do ritmo da sua Vida. I.é. que segue no sentido da mudança quando se apercebe que o espaço em que se movimenta já não lhe pertence. Não receia.