Pequenas coisas, grandes o suficiente para encherem o pequeno grande espaço que é o meu cérebro. Ainda agora, por exemplo, lia algo sobre Indie Rock. Daí surgiram Jesus and Mary Chain com o seu baterista a tocar em pé, o que me reportou para um documentário sobre os Bunnyranch, uma banda portuguesa de rock'n'roll. Também nesta, Kaló, o movente da banda, executa as suas performances de pé, transbordando energia e loucura nos seus espectáculos ao vivo. Na verdade, nunca os vi a actuar em palco e pouco foi o que deles ouvi, mas o simples facto de ter assistido à história da sua existência enquanto banda colocou-me em sintonia com aquilo a que chamo uma parte da realidade a que não tenho acesso e que, raramente, me tomo como dela pertencente. Seja a inveja de uma energia que não me pertence mas que gostaria de encarnar, o desejo de poder ser quem sinto dentro de mim. Das poucas vezes em que me vi embrenhada numa multidão frenética, movida por ritmos intensos, adorei. Pela sensação de ser mais uma anónima no meio de muitos outros que exterioriza o que sente sem restrições. Com o extase, não quem repare no outro, até porque são tantos que não sequer hipótese de o fazer. Acho que é isso que gosto nas pistas de dança (das poucas vezes em que nelas pus os pés) que apenas têm espaço para meio corpo; dos festivais em que os recintos ficam superlotados. Relembro a Festa do Avante em Setembro de 2004. A primeira vez, com direito a acampamento e tudo o que aqueles três dias podiam ter para oferecer, incluindo celebrar o fim aos berros, a pular por entre desconhecidos a quem sorria. Simplesmente porque sim. Devíamos ser mais "festivaleiros", num ambiente de "chinela no pé"(gostei do termo, amigo).
Hoje apetece-me escrever... disparatar... dizer disparates, COISAS sem sentido... desbocar-me sobre futilidades... Hoje, ontem e possivelmente nos próximos dias. Há realmente dias assim... Em que apetece tudo mas nada se faz. Em que se chora a fragilidade do ser ou da sua pretensão. Em que se tecem promessas de um dia sermos melhores. Em que nos agarramos à banda sonora das nossas vidas ou desenterramos novos tesouros que nos despertam sensações, que nos sacodem a alma e, de certa forma, nos mantêm à tona. É o caso de "Standing in the way of control" dos The Gossip... Que nos invade e nos obriga à transfiguração, que cruelmente nos esbofeteia e chicoteia com o realismo do "tic-tac" do relógio-vida que não tem interrupções. Quem dera poder usufruir do fim de vida das pilhas do relógio... Por breves instantes. Se calhar, posso encarar o Yôga como uma pausa do mundo. É o momento em que me estão a dar à corda para, uma hora depois, eu enfrentar o mundo com asas nos pés!
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